sexta-feira, 7 de abril de 2017

O "Sarin" e a insanidade sobre os insanos

Mohamed al-Bakour / AFP

Sarin é um líquido sem cor e sem cheiro, usado como arma química devido à sua extrema potência sob o sistema nervoso. O gás Sarin foi classificado como arma de destruição em massa na Resolução 687 das Nações Unidas e sua produção e armazenamento foram proibidas na Convenção sobre Armas Químicas, de 1993.

O Sarin foi descoberto em 1938 em Wuppertal-Elberfeld na Alemanha por cientistas que tentavam criar pesticidas mais fortes, sendo o mais tóxico dos agentes neurotóxicos da Série G feitos pela Alemanha.

Em meados de 1939, a fórmula do composto foi passada para o departamento de guerra química do exército alemão, que ordenou que fosse produzido em massa para uso em tempos de guerra. Fábricas-piloto foram construídas e as estimativas de produção total de Sarin pela Alemanha nazista foram de cerca de 500kg a 10 toneladas.

O Sarin é especificamente um potente inibidor de uma proteína que degrada o neurotransmissor acetilcolina depois de liberado na fenda sináptica. Nos vertebrados, a acetilcolina é o neurotransmissor presente na junção neuromuscular, em que os sinais são transmitidos entre os neurônios do sistema nervoso central às fibras musculares.

Estima-se que o Sarin seja 500 vezes mais tóxico do que o cianeto. Tem alta volatilidade e não apenas sua inalação é muito perigosa mas até concentrações de seu vapor podem penetrar a pele de imediato. As roupas de uma pessoa podem liberar Sarin em cerca de 30 minutos depois de ter entrado em contato com o gás o que pode levar à exposição de outras pessoas.

Mesmo em concentrações muito baixas, o Sarin pode ser fatal. A morte pode seguir cerca de um minuto após a ingestão direta de uma dose letal a menos que antídotos, tipicamente atropina e pralidoxima, sejam rapidamente administrados.

Os sintomas iniciais após a exposição ao Sarin são a coriza, sensação de aperto no peito e constrição das pupilas. Logo depois, a vítima tem dificuldade em respirar, tem náuseas e salivação excessiva. Com a contínua perda do controle de suas funções corporais, a vítima vomita, defeca e urina. Esta fase é seguida por espasmos. Por fim, a vítima entra em coma e sufoca numa série de espasmos convulsivos.

No dia 4 de abril, o gás Sarin foi covardemente utilizado num bombardeio aéreo contra a pequena cidade rebelde de Khan Sheikhun, província de Idleb, noroeste da Síria, causando  86 mortos, entre elas 30 crianças, e mais 160 feridos, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Dezenas de vídeos e fotos compartilhados nas redes sociais mostram cenas chocantes de adultos e crianças sufocando e tendo convulsões. Durante a tentativa de resgate, muitas pessoas foram pulverizadas com água enquanto os médicos tentavam reanimá-las.

Segundo a organização Save the Children (Salve as Crianças), a guerra na Siria que completa 6 anos, já matou mais de 300 mil pessoas e tem causado uma crise de saúde mental nas suas crianças. Os bombardeios e a violência contínua no país fazem com que as crianças vivam num estado constante de medo, gerando uma condição conhecida como estresse tóxico, que pode provocar angústia, tristeza extrema, medo, nervosismo, perda da habilidade de se comunicar, autoagressão e tentativas de suicídio entre crianças de até 12 anos - uma tragédia insana de impossível reparação.

As guerras, além de se provarem cruéis e ineficientes, expõem a incompetência do homem em liderar qualquer nação. O poder apenas revela o que o homem tem de pior no seu estado mais natural. Se esta condição degradante da Síria tem provocado uma crise de saúde mental nas suas crianças, que tipo de saúde mental pode ter o seu governante?

Talvez para essas crianças o gás Sarin tenha servido como um alento, pois a morte, embora tenha abreviado suas vidas, as tenha poupado de um sofrimento maior que é a sua própria condição desumana.

Fonte:

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