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sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Programa de gerenciamento do sangue reduz com segurança as transfusões em pacientes ortopédicos


20 de agosto de 2018, Sociedade Americana de Anestesiologia.


Um programa de gerenciamento do sangue do paciente criado para limitar a quantidade de transfusões de sangue em pacientes ortopédicos que se submetem à cirurgias comuns, como a artroplastia de quadril e joelho foi associado à diminuição do número de transfusões,  à redução do uso de sangue e à melhora nos resultados, relatou um estudo publicado na primeira edição online de Anestesiologia, um periódico revisado em parceria com a Sociedade Americana de Anestesiologia (ASA).

"Um número crescente de literaturas mostra que reduzir o uso de sangue em cirurgias reduz os riscos para os pacientes, além de reduzir também os custos", disse Steven M. Frank, M.D., principal criador e diretor do Programa de Gerenciamento do Sangue (PBM - Patient Blood Management) do Sistema de Saúde Johns Hopkins.

"Entretanto, há uma impressão persistente de que os pacientes cirúrgicos ortopédicos requerem um nível maior de hemoglobina para não transfundir do que em outros tipos de pacientes."

As diretrizes da AABB (antiga Associação Americana de Bancos de Sangue) indicam para a maior parte dos pacientes que as transfusões de sangue devem ser administradas quando os níveis de hemoglobina atingirem 7 gramas por decilitro (g/dL) de sangue. Entretanto, para pacientes cirúrgicos cardíacos ou ortopédicos, as diretrizes indicam a administração da transfusão quando os níveis atingirem 8g/dL.

"Pode parecer uma pequena diferença, mas antes do nosso programa de gerenciamento do sangue ser implementado, um terço do sangue utilizado em nosso hospital era transfundido em níveis entre 7 e 8 g/dL, então muito sangue era administrado naquela zona intermediária", disse o Dr. Frank. 

"Um número substancial de transfusões poderia ser potencialmente evitado diminuindo o limite para 7g/dL".

Possíveis riscos e resultados adversos associados às transfusões de sangue incluem lesão pulmonar aguda; sobrecarga circulatória associada à transfusão (TACO), que causa excesso de líquido nos pulmões; reações transfusionais hemolíticas (ruptura de hemácias), que na maioria das vezes ocorrem a partir de unidades de sangue erradas ou incompatíveis; e transmissões infecciosas ou virais.

No estudo, os pesquisadores avaliaram a prática transfusional e os resultados clínicos em todos os pacientes ortopédicos adultos por um período de quatro anos, englobando o período em que o hospital implementou o programa de gerenciamento do sangue. O estudo incluiu 1.507 pacientes antes do programa ser implementado e 2.402 após a implementação.

O programa de gerenciamento do sangue consistiu em 10 estratégias para reduzir as transfusões, incluindo a administração de uma única unidade de sangue, a menos que o paciente estivesse com hemorragia, a administração do ácido tranexâmico durante a cirurgia para reduzir o sangramento, a manutenção da temperatura corporal normal durante a cirurgia para reduzir o sangramento, a colocação de alertas nos registros médicos eletrônicos, a fim de notificar os médicos quando a quantidade de sangue requisitada para uma transfusão estivesse acima dos níveis recomendados, a auditoria em conformidade com as diretrizes para prover o resultado, tubos menores para reduzir a perda sanguínea nos testes laboratoriais, além da utilização de novas técnicas cirúrgicas para reduzir o sangramento.

Depois que o programa de controle de sangue foi implementado, a porcentagem de pacientes cirúrgicos ortopédicos que receberam transfusões de sangue diminuiu de 16,1% para 9,4%. O limite médio de hemoglobina utilizado para desencadear uma transfusão diminuiu de 7,8g/dL para 6,8g/dL. O uso geral de sangue durante as transfusões diminuiu em 32,5%. As complicações adquiridas em hospitais caíram de 1,3% para 0,54%, e as readmissões de 30 dias caíram de 9% para 5,8%. A melhora nos resultados foi reconhecida principalmente em pacientes com 65 anos de idade ou mais.

"Descobrimos que em pacientes ortopédicos, mesmo com um gatilho menor de hemoglobina de 7g/dL para transfusões de sangue, os pacientes tiveram um desempenho tão bom quanto ou melhor do que com um nível mais alto de hemoglobina", disse o Dr. Frank. 

"Este é o primeiro estudo realizado para mostrar que para a maioria dos pacientes ortopédicos - mesmo para pacientes idosos - um nível de hemoglobina de 7g/dL parece ser seguro".

O Dr. Frank disse que, embora o estudo sugira que a maioria dos pacientes ortopédicos possa ser transfundida em um nível de hemoglobina de 7g/dL em vez de 8g/dL, ainda não foram feitos testes clínicos randomizados. 

"Um teste que avalia formalmente esse menor fator de hemoglobina como gatilho para a transfusão ainda deve ser conduzido antes que as orientações sejam alteradas para se recomendar um nível de 7g/dL para todos os pacientes ortopédicos", disse ele.

"Além disso, tratamos todo o paciente, não apenas seus valores laboratoriais, então os sinais e os sintomas de anemia também devem ser considerados".

As transfusões de sangue foram estabelecidas como o procedimento hospitalar mais frequentemente realizado nos Estados Unidos e um dos cinco principais procedimentos utilizados em excesso pela Joint Commission em 2012.

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Fonte:

Tradução do artigo disponível em:

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Programas de Gerenciamento do Sangue do Paciente – Realidade Internacional


Nove hospitais públicos portugueses vão iniciar um projeto-piloto para reduzir o número de transfusões de sangue, uma medida que se fosse aplicada em nível nacional diminuiria pela metade as transfusões.

Trata-se da implementação do Programa de Gerenciamento do Sangue do Paciente PBM – Patient Blood Management, técnica de conservação do sangue do paciente que já está sendo amplamente utilizada no cenário internacional.

O PBM já está implementado com uma elevada taxa de referenciação em Lisboa, já com casos bem-sucedidos e em relação aos quais, em condições normais, seria quase inevitável a utilização de sangue no processo intraoperatório.

O objetivo do programa é evitar a administração desnecessária de sangue e derivados, fazendo com que o sangue do paciente seja preservado como recurso único e insubstituível e utilizado de forma restritiva com o objetivo de fazer com que os hospitais criem estratégias para a otimização dos pacientes de risco no pós-operatório a fim de minimizar a utilização de sangue alogênico e reduzir procedimentos transfusionais.

A transfusão é uma terapêutica altamente utilizada, porém com elevados riscos associados.

A Accumen Inc., empresa americana parceira de desempenho em assistência à saúde, desenvolveu um programa abrangente de Gerenciamento do Sangue do Paciente para melhorar os resultados dos pacientes e agregar valor ao sistema de saúde incluindo 45 hospitais em 14 estados. Em apenas um ano, uma campanha intitulada Save Blood, Save Lives (Salve Sangue, Salve Vidas), resultou em uma redução de mais de onze mil unidades de glóbulos vermelhos reduzindo o risco associado às transfusões como as infecções hospitalares adquiridas, eventos trombóticos, reações transfusionais, mortalidade e morbidade.

A equipe da Accumen desenvolveu uma matriz de priorização baseada em evidências para escalar seu Programa de PBM, que incluiu desenvolvimento de infraestrutura, educação e conscientização clínica, diretrizes clínicas, análises de pedidos de sangue, processos de benchmarks e análises de transfusões significativas.

A diminuição das transfusões resultou, automaticamente, em ganhos para a saúde, pois, reduziu as infecções hospitalares, a duração das internações e a recidiva de neoplasias, sendo também financeiramente vantajosa.

O PBM não significa apenas não dar sangue ou apenas tratar a hemorragia, mas também prevenir, aumentar a tolerância do doente, utilizando produto mais adequado, como o ácido tranexânico, agente fibrinogênico, complexo protrombínico e outros, monitorando atentamente o doente, oferecendo uma terapêutica adequada e específica a cada doente no contexto específico de cada intervenção.
Para tanto, imprescindível é a existência de um local onde os doentes possam ser otimizados no pré-operatório, além da colaboração da equipe médica hospitalar através de um programa multidisciplinar, buscando otimizar o diagnóstico e o manejo da anemia, minimizando o sangramento.

O PBM é um programa que necessita de uma grande colaboração institucional envolvendo cirurgiões, imunohemoterapeutas e anestesiologistas, especialidades que precisam estar obrigatoriamente presentes formando uma equipe motivada para a utilização de técnicas de minimização de perda hemorrágica intraoperatória.

Entretanto, para que isso aconteça, seriam necessárias mais consultas além da utilização de fármacos alternativos como o ferro intravenoso, a vitamina B12, o ácido fólico e agentes capazes de controlar as alterações de coagulação.

Segundo António Robalo Nunes[i], a grande dificuldade “é combater o constrangimento, o atavismo, as barreiras, a resistência à novidade, e gerar o entusiasmo de todo o grupo, sendo que se trata de uma tarefa inevitavelmente multidisciplinar”.[ii]

A primeira parte do processo seria identificar no pré-operatório e em tempo útil os doentes com anemia, permitindo tratar a deficiência de ferro antes da cirurgia, avaliando as alterações da competência hemostática. A existência de anemia é o principal fator de probabilidade para uma transfusão de sangue. Essa identificação nem sempre é feito em tempo útil e a ideia do programa é tornar esta gestão de sangue do doente uma cultura institucional. A segunda parte, na fase intraoperatória, é a monitoração e a diminuição das perdas hemorrágicas. Finalmente, no pós-operatório, deve haver uma análise criteriosa dos cenários que poderão determinar a real necessidade transfusional.

A presidente da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia (SPA), Rosário Órfão[iii] diz que “a Anestesiologia é uma especialidade de resposta imediata, mas também de antecipação”, uma vez que os anestesiologistas acompanham o doente nos períodos pré, intra e pós-operatório, tendo um papel importante no contexto do programa.

A vontade de fazer o bem envolve o trabalho em equipe, o espírito de cooperação, o desenvolvimento de novas técnicas, o aprimoramento dos conhecimentos, a valorização do sangue como sendo único e a criação de protocolos com aspectos funcionais específicos para cada instituição de acordo com a sua dimensão e complexidade, sempre visando o bem estar do paciente.

Fonte:




[i] http://hotc.pt/medicos/antonio-robalo-nunes/
[ii] https://justnews.pt/noticias/patient-blood-management-agrega-cirurgies-anestesiologistas-e-imunohemoterapeutas/www.facebook.com/hospitalpublico/www.instagram.com/jornalmedico.csp#.Ww7PNEgvxdg
[iii] https://www.justnews.pt/noticias/anestesiologia-tem-papel-determinante-no-contexto-de-patient-blood-management#.Ww7TJkgvxdh

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