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segunda-feira, 27 de março de 2017

A crescente violação dos Direitos Humanos no cenário mundial


Todas as pessoas possuem direitos fundamentais que são inerentes ao ser humano. A ausência desses direitos provoca abusos como discriminação, intolerância, injustiça, opressão, tortura física e psicológica e escravidão.

A Declaração Universal dos Direitos do Homem das Nações Unidas foi assinada em 1948 logo após as atrocidades e violações ocorridas durante a II Guerra Mundial, para estabelecer uma compreensão comum sobre o que são os direitos fundamentais e as formas para proteger esses direitos, de modo a preservar a justiça e a paz na sociedade.

Em 539 a.C., os exércitos de Ciro, O Grande, o primeiro rei da antiga Pérsia, conquistaram a cidade da Babilônia. Ciro libertou os escravos, declarou que todas as pessoas tinham o direito de escolher a sua própria religião, e estabeleceu a igualdade racial. 

Estes e outros decretos foram registados num cilindro de argila na língua acádica e foi agora reconhecido como a primeira carta dos direitos humanos do mundo. Está traduzido nas seis línguas oficiais das Nações Unidas e as suas estipulações são análogas aos quatro primeiros artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. 

A ideia dos direitos humanos espalhou-se rapidamente à Índia, à Grécia e finalmente a Roma. Os avanços mais importantes desde então incluem:

1215: A Magna Carta — que deu novos direitos às pessoas e tornou o rei sujeito à lei.

1628: A Petição de Direito — que definiu os direitos do povo.

1776: A Declaração de Independência dos Estados Unidos — que proclamou o direito à vida, liberdade e à busca da felicidade.

1789: A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão — um documento da França, que afirmou que todos os cidadãos eram iguais perante a lei.

1948: A Declaração Universal dos Direitos do Homem — o primeiro documento que lista os trinta direitos de que deve gozar cada ser humano.

Alguns homens notáveis defenderam os direitos humanos por que reconheceram que sem eles, a paz e o progresso nunca poderíam ser conseguidos. Cada um deles mudou o mundo de uma forma significativa, por exemplo:

Martin Luther King, Jr., defensor dos direitos dos negros nos Estados Unidos durante a década de 60, declarou: “Uma injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todos os lugares.”

Mahatma Gandhi, defensor da resistência pacífica em relação à opressão, descreveu: “A não–violência é a maior força à disposição da humanidade. É mais poderosa que a mais poderosa arma de destruição idealizada pelo engenho humano.”

Thomas Jefferson, autor da Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, declarou que: “O cuidado da vida e da felicidade humanas e, não a sua destruição, é o primeiro e único objetivo legítimo de bom governo.”

Apesar de algumas vitórias em 6 décadas, as violações dos direitos humanos ainda são uma praga no cenário mundial atual.

O Conselho dos Direitos do Homem é o principal órgão intergovernamental do sistema das Nações Unidas responsável pela resolução de situações de violação dos direitos humanos. O Conselho também recebe relatórios temáticos e específicos por país de uma série de mecanismos de peritos independentes, incluindo procedimentos especiais, bem como do Gabinete do Alto Comissariado para os Direitos Humanos com o objetivo de promover e proteger os direitos humanos em todo o mundo, responder melhor às necessidades das vítimas de violações de direitos, responsabilizar seus membros por suas ações e avançar no cumprimento de seu objetivo de enfrentar "situações de violação de direitos humanos, incluindo violações grosseiras e sistemáticas" em todo o mundo.

Os promotores dos direitos humanos declaram que  a Declaração Universal dos Direitos do Homem ainda é mais um sonho que uma realidade, pois as violações dos direitos humanos estão por todo o mundo, tanto na forma latente como manifesta.

Segundo relatório da sede Europeia das Nações Unidas em Genebra, Suíça, 27 milhões de pessoas vivem na escravidão, sendo mais que o dobro do apogeu do comércio de escravos. Isso é apenas uma amostra do cenário global, tendo em vista a magnitude das violações dos direitos humanos.

O Relatório Mundial da Anistia Internacional de 2009 e de outras fontes mostram que há pessoas sendo torturadas ou maltratadas em pelo menos 81 países; outras enfrentam julgamentos injustos em pelo menos 54 países; têm sua liberdade de expressão restringida em pelo menos 77 países;  sofrem perseguição e proscrição religiosa; mulheres e crianças, em especial, são marginalizadas de muitas formas; a imprensa não é livre em muitos países e os dissidentes são silenciados com frequência e de forma permanente.

Veja exemplos das principais violações dos seis artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (UDHR) em todo o mundo:

ARTIGO 3.º — O DIREITO À VIDA

“Todos têm direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.”

Estima–se que 6.500 pessoas foram mortas em combate armado no Afeganistão em 2007, quase a metade delas foram mortes de civis não combatentes nas mãos de insurgentes. Centenas de civis também foram mortos em ataques suicidas por grupos armados.

No Brasil em 2007, conforme os números oficiais a polícia matou pelo menos 1.260 pessoas, o total mais elevado até à data. Todos os incidentes foram qualificados oficialmente como “atos de resistência” e receberam pouca ou nenhuma investigação.

Em Uganda, 1.500 pessoas morrem a cada semana nos acampamentos de pessoas internamente refugiadas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 500 mil morreram nestes acampamentos.

As autoridades vietnamitas levaram à força pelo menos 75 mil dependentes de drogas e prostitutas para 71 acampamentos de “reabilitação” superlotados, qualificando os detidos como “de alto risco” de contrair HIV/SIDA, mas sem prover nenhum tratamento.

ARTIGO 4.º — NÃO À ESCRAVIDÃO

“Ninguém deverá ser mantido em escravidão ou trabalho forçado; a escravidão e o comércio de escravos foram proibidos em todas as suas formas.”

Em Uganda do norte, as guerrilhas do LRA (sigla do inglês de Lord’s Resistance Army que em português significa Exército da Resistência do Senhor) sequestraram 20 mil crianças nos últimos anos e forçaram–nas a servir como soldados ou como escravos sexuais do exército.

Em Guiné–Bissau, há o tráfico de crianças de 5 anos que são tiradas do país para trabalhar em campos de algodão no Senegal do sul ou como mendigos na capital. Em Gana, crianças de 5 a 14 anos são enganadas com falsas promessas de educação e futuro para trabalhos perigosos, e sem remuneração na indústria pesqueira.

Na Ásia, o Japão é o maior país–destino para mulheres traficadas, especialmente mulheres oriundas das Filipinas e Tailândia. A UNICEF estima que hajam 60 mil crianças na prostituição nas Filipinas.

O Departamento de Estado dos EUA estima que entre 600 a 820 mil homens, mulheres e crianças são traficados nas fronteiras internacionais todos os anos, metade dos quais são menores e incluindo um número recorde de mulheres e crianças que fogem do Iraque. 

Em quase todos os países, incluindo Canadá, EUA e Reino Unido o exílio ou a perseguição são as respostas usuais do governo, sem nenhum serviço de ajuda para as vítimas.

Na República Dominicana as operações de um bando de tráfico de pessoas levou à morte por asfixia de 25 trabalhadores emigrantes haitianos. Em 2007, dois civis e dois oficiais militares receberam sentenças de prisão indulgentes pela sua participação na operação.

Na Somália em 2007 mais de 1.400 etíopes e somalienses deslocados morreram no mar em operações de tráfico de pessoas.

ARTIGO 5.º — NÃO À TORTURA

“Ninguém deverá ser submetido à tortura ou a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.”

Em 2008, as autoridades dos EUA continuaram a manter 270 prisioneiros na Baía de Guantánamo, Cuba, sem acusação ou julgamento, sujeitos a "water–boarding," uma tortura que simula o afogamento. O antigo Presidente, George W. Bush, autorizou a CIA a continuar com a detenção e interrogação secretas, apesar das mesmas violarem a lei internacional.

Em Darfur a violência, as atrocidades e o sequestro são predominantes, e a ajuda externa está praticamente cortada. Em especial as mulheres são vítimas de ataques incessantes, com mais de 200 violações na vizinhança de um acampamento de pessoas refugiadas num período de 5 semanas sem nenhum esforço por parte das autoridades para castigar os autores.

Na República Democrática do Congo serviços de segurança do governo e grupos armados cometem rotineiramente atos de tortura e maus tratos, incluindo espancamentos contínuos, facadas e violação por parte dos que estão detidos por eles. Os detidos são mantidos incomunicáveis, às vezes em lugares de detenção secretos. Em 2007 a Guarda Republicana (guarda presidencial) e a divisão de polícia de Serviços Especiais em Kinshasa deteve e torturou arbitrariamente numerosas pessoas qualificadas como críticas do governo.

ARTIGO 13.º — LIBERDADE DE MOVIMENTO

“1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um Estado.
“2. Todos têm o direito a abandonar qualquer país, incluindo o seu próprio, e de voltar a seu país.

Em Myanmar, milhares de cidadãos foram detidos, incluindo 700 prisioneiros de consciência, destacando a prêmio Nobel Daw Aung San Suu Kyi. Em retaliação às suas atividades políticas, nos últimos dezoito anos ela tem estado no total doze anos presa ou sob prisão domiciliar, e recusou todas as ofertas do governo de libertação que exigissem que ela abandonasse o país.

Na Argélia, refugiados e pessoas em procura de asilo foram vítimas frequentes de detenção, expulsão ou maus tratos. 28 pessoas de países africanos subsaarianos com status oficial de refugiados por parte do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) foram deportados para o Mali após serem falsamente julgados, sem um advogado ou intérprete, sob acusações de entrar ilegalmente na Argélia. Foram largados numa cidade do deserto, sem comida, água nem ajuda médica onde estava ativo um grupo armado Mali.

No Quênia as autoridades violaram a lei internacional de refugiados quando fecharam a fronteira a milhares de pessoas que fugiam do conflito armado na Somália. Os que procuravam asilo foram detidos ilegalmente na fronteira do Quênia, sem acusações ou julgamento e foram devolvidos à força para a Somália.

No norte de Uganda, 1,6 milhões de cidadãos permaneceram em campos de deslocados. Na sub–região de Acholi, a área mais afetada pelo conflito armado, 63% dos 1,1 milhões de pessoas deslocadas em 2005 ainda viviam em campos em 2007, com apenas 7 mil que regressaram definitivamente aos seus lugares de origem.

ARTIGO 18.º — LIBERDADE DE PENSAMENTO

“Todos têm liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar a sua religião ou crença e a liberdade de manifestar a sua religião ou crença no ensino, na prática, no culto e no cumprimento, quer seja só ou em comunidade com outros e em público ou em privado.”

Em Myanmar o conselho militar esmagou manifestações pacíficas conduzidas por monges, fez buscas e fechou mosteiros, confiscou e destruiu propriedade, disparou, golpeou e deteve manifestantes e acossou e deteve como reféns amigos e familiares dos manifestantes.

Na China os praticantes de Falun Gong foram escolhidos para tortura e outros maus tratos enquanto estavam em detenção. Os cristãos foram perseguidos por praticarem a sua religião fora dos canais aprovados pelo Estado.

No Cazaquistão, as autoridades locais numa comunidade perto de Almaty autorizaram a destruição de 12 lares, todos pertencentes a membros de Hare Krishna, alegando falsamente que o terreno em que tinham sido construídas as casas tinham sido adquiridos ilegalmente. Só foram destruídos lares pertencentes a membros da comunidade Hare Krishna.

Na Rússia, Testemunhas de Jeová estão sofrendo perseguição e proscrição religiosa, sendo banidas sem qualquer base legal, tendo seus direitos humanos totalmente violados por meio de obtenção de falsas provas. Também foi imposta a proibição de distribuir sua literatura, sendo que esta proibição foi legitimada invocando leis anti-extremismo de sentido amplo na Rússia.  Outros métodos coercitivos também estão sendo usados pela polícia russa, como ataques durante as reuniões de domingo e fechamento dos locais onde o grupo geralmente se encontravam. Os líderes religiosos do grupo disseram que sua condição se tornou crítica. O mesmo grupo foi banido em 2014 em Taganrog, e outros banimentos foram implementados, como nas cidades de Abinsk e Samara.

ARTIGO 19.º — LIBERDADE DE EXPRESSÃO

“Todos têm o direito à liberdade de opinião e de expressão. Este direito inclui a liberdade para ter opiniões sem interferência e para procurar, receber e dar informação e ideias através de qualquer meio de comunicação e sem importar as fronteiras.”

No Sudão, dezenas de defensores dos direitos humanos foram presos e torturados pelos serviços secretos nacionais e forças de segurança.

Na Etiópia, dois proeminentes defensores dos direitos humanos foram condenados por falsas acusações e sentenciados a quase três anos na prisão.

Na Somália foi assassinado um proeminente defensor dos direitos humanos.

Na República Democrática do Congo o governo ataca e ameaça os defensores dos direitos humanos e restringe a liberdade de expressão e de associação. Em 2007, disposições do ato de Imprensa de 2004 foram usadas pelo governo para censurar os jornais e limitar a liberdade de expressão.

A Rússia reprimiu a dissidência política, exerceu pressão sobre meios de comunicação independentes ou fechou e perseguiu organizações não governamentais. Manifestações públicas pacíficas foram dispersadas à força e advogados, defensores dos direitos humanos e jornalistas foram ameaçados e atacados. Desde o ano 2000, os assassinatos de 17 jornalistas, todos críticos das políticas e ações do governo, ainda permanecem por resolver.

A Rússia hoje é mais repressiva do que nunca na era pós-soviética. Usando uma vasta gama de ferramentas, o Estado reforçou o controle sobre a liberdade de expressão, montagem e fala, com o objetivo de silenciar críticos independentes, incluindo online. Com o uso da legislação draconiana, as autoridades demonizaram como "agentes estrangeiros" mais de 150 grupos independentes.

No Iraque, pelo menos 37 empregados iraquianos das redes de meios de comunicação foram assassinados em 2008 e um total de 235 desde a invasão de março de 2003, o que faz do Iraque o lugar mais perigoso do mundo para os jornalistas.

ARTIGO 21.º — DIREITO À DEMOCRACIA

“1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direcção dos negócios públicos do seu país, quer directamente, quer por intermédio de representantes livremente escolhidos.
“2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu país.
“3. A vontade das pessoas será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressada em eleições periódicas e genuínas que serão universais e de sufrágio igualitário e que serão realizadas mediante voto secreto ou procedimentos de voto livre equivalentes.”

No Zimbabwe, centenas de defensores dos direitos humanos e membros do principal partido opositor, o Movimento para a Mudança Democrática (MCD), foram presos por participar de reuniões pacíficas.

No Paquistão, milhares de advogados, jornalistas, defensores dos direitos humanos e ativistas políticos foram encarcerados por exigirem a democracia, um Estado de Direito e um poder judicial independente.

Em Cuba, no final de 2007, continuavam presos 62 presos políticos pelos seus pontos de vista políticos ou atividades não–violentas.

Por que há tanta resistência na aplicação dos Direitos Humanos?

O Alto Comissariado  identificou violações como a tortura no Egito, a intimidação da China e a detenção de advogados e ativistas sem fundamento; a campanha da Turquia contra os críticos; um novo governo dos EUA que proibiu a entrada de cidadãos de vários países muçulmanos com evidente intenção discriminatória; o assassinato de mais de 7 mil pessoas nas Filipinas desde que o Presidente Duterte tomou posse; a recusa do Burundi em cooperar com uma comissão de inquérito nomeada pelo Conselho compatível com suas obrigações como membros, a imposição pelo Barém de proibições de viagem àqueles que querem participar do Conselho; o silenciamento de grupos da sociedade civil no Azerbaijão; as várias leis para limitar o direito à liberdade de expressão na Rússia, ao mesmo tempo em que tenta desvirtuar o conceito léxico de "defensores dos direitos humanos".

Talvez a resposta esteja na corrupção. Um exemplo disso, é a própria Rússia, onde protestos anticorrupção ocorreram em dezenas de cidades em toda a Rússia no último sábado,  25 de março de 2017. O alvo foi o Primeiro Ministro Dmitry Medvedev, que foi acusado de corrupção por possuir uma riqueza indecorosa que foi publicada em um vídeo. Estima-se que 7 mil tomaram as ruas em Moscou, muitos deles na Praça Pushkin e na Tverskaya Street. Uma multidão de jovens, em sua maioria, que exibiam um cartaz com as palavras "A corrupção está roubando o futuro".

Ainda assim, os direitos humanos são reconhecidos pelo menos em princípio por parte da maioria das nações e formam a essência de muitas constituições nacionais. Entretanto,  a situação atual no mundo é oposta a muito dos ideais previstos na Declaração, mostrando-se para muitos uma utopia.

As leis internacionais servem como função de contenção, mas são insuficientes para prover uma proteção adequada aos direitos humanos. Milhares continuam sendo torturados, milhares estão na prisão por motivos políticos ou simplesmente por expressarem suas ideias contrárias à maioria ou ao governo, e tais práticas ocorrem inclusive em alguns países democráticos.

Quem sabe um dia a humanidade terá os seus direitos respeitados!
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Fonte:
https://www.hrw.org/europe/central-asia/russia
https://www.hrw.org/news/2017/03/09/human-rights-council-human-rights-under-threat-time-leadership
https://www.hrw.org/topic/united-nations/human-rights-council
http://www2.stetson.edu/~psteeves/relnews/170320b.html
https://www.hrw.org/news/2017/03/26/nation-wide-protests-over-corruption-take-place-across-russian-cities

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