quinta-feira, 31 de maio de 2018

O Mercado de Diagnósticos de Transfusão de Sangue


Um novo relatório intitulado "Mercado de Diagnósticos de Transfusão de Sangue", revelou que o mercado global de diagnóstico de transfusão de sangue foi avaliado em 3,0 bilhões de dólares em 2016 e deverá crescer 5,9%  de 2017 a 2025. A América do Norte deve dominar o mercado global devido ao aumento da adoção de testes moleculares novos e avançados e no aumento da prevalência de doenças crônicas. Os mercados emergentes, como China e Índia, devem impulsionar o crescimento na Ásia-Pacífico.  Espera-se que o mercado de diagnósticos de transfusão de sangue na região cresça mais de 7,1% de 2017 a 2025.

A demanda por transfusão de sangue e componentes sanguíneos é alta em todo o mundo devido à grande população de pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos e que sofrem de doenças crônicas. A introdução de novos produtos tecnologicamente avançados e a mudança para a automação de instrumentos é projetada para impulsionar o mercado global de diagnósticos de transfusão de sangue. Por exemplo, a introdução do teste de amplificação do ácido nucleico (NAT) para o rastreio de doenças moleculares e a tipagem sanguínea levou a uma melhoria da eficiência e a um tempo de resposta reduzido. Isso aumentou a adoção de instrumentos automatizados por bancos de sangue e hospitais, o que, por sua vez, aumenta o mercado global de diagnósticos de transfusão de sangue. 

Organizações como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Aliança Europeia do Sangue e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estão envolvidas em programas de segurança em transfusões sanguíneas. Espera-se que estas iniciativas reforcem os pré-requisitos para o rastreio do sangue, incluindo o rastreio das doenças dos dadores. Em dezembro de 2015, a Alemanha anunciou o investimento de 10,8 milhões de dólares para a implementação e adoção eficiente do Programa de Transfusão de Sangue Seguro (SBTP).

O segmento de kits e reagentes dominou o mercado global de diagnósticos de transfusão de sangue em termos de receita em 2016. O segmento deve expandir 6,0% durante o período de previsão. Fatores como o aumento da conscientização e a ênfase nos diagnósticos de transfusão sangüínea, especialmente em países emergentes, devido ao aumento da incidência de doenças transmitidas por transfusão, como hepatite C e HIV, são os principais fatores que impulsionam o segmento de kits e reagentes. Os que operam no mercado global de diagnósticos de transfusão de sangue se concentram na introdução de novos instrumentos, kits e reagentes baseados em novas técnicas. Os diagnósticos de transfusão de sangue são altamente utilizados para o rastreamento de doenças.  O aumento na incidência de infecções transmitidas por transfusões, especialmente em países de renda média-baixa e baixa renda, é o fator-chave que aumenta o segmento de rastreamento de doenças.

Em termos de usuário final, o mercado global de diagnósticos de transfusão de sangue foi classificado em hospitais, bancos de sangue, laboratórios de diagnóstico, empresas de fracionamento de plasma e outros. O segmento de bancos de sangue detinha uma importante participação de mercado em 2016. A projeção é de que o segmento tenha um crescimento mais rápido de 6,0% durante o período de previsão. O aumento no número de bancos de sangue e hemocentros em todo o mundo, e o aumento moderado do número de doações de sangue a cada ano, exigindo testes de doadores e testes de triagem de doenças, são os principais fatores que impulsionam o segmento dos bancos de sangue. O aumento do número de pacientes que necessitam de transfusão sanguínea nos hospitais e o aumento de testes e exames de grupo sanguíneo realizados em hospitais são os principais fatores que impulsionam o segmento de hospitais.

Em termos de receita, a América do Norte foi o principal mercado para diagnósticos de transfusão de sangue em 2016. Elevado percentual de doadores de sangue ativos e voluntários nos EUA e Canadá, aumentaram o número de transfusões de sangue por ano e várias políticas de transfusão de sangue estão sendo implementadas em relação à segurança e testes de sangue para doenças infecciosas são atribuídos à alta participação de mercado da América do Norte. Os EUA têm fortes políticas para a triagem de sangue e a maior taxa de adoção de testes NAT para triagem de patologias dos doadores.

A Europa é o segundo maior mercado de diagnósticos de transfusão de sangue. O aumento na demanda por kits e reagentes para diagnósticos pré-transfusionais e fabricantes domésticos que introduzem novos kits e reagentes para rastreamento de doenças e aplicações de grupos sanguíneos provavelmente acelerarão o crescimento do mercado na Europa. 

O aumento das iniciativas do governo em termos de financiamento e doações, o aumento da prevalência de doenças transmitidas pelas transfusões nesses países e o aumento do número de transfusões de sangue realizadas a cada ano estimulam o crescimento do mercado de diagnósticos de transfusão de sangue na Ásia-Pacífico. 

O mercado no Oriente Médio e na África foi avaliado em 350 milhões de dólares em 2016 e deverá crescer a uma taxa 5,5% de 2017 a 2025. Os fabricantes que operam no mercado de diagnóstico de transfusão de sangue na América Latina estão focados em oferecer kits e reagentes que são compatíveis com diferentes instrumentos. A natureza de alto volume de kits e reagentes de baixo custo provavelmente abastecerá o mercado da região.

O relatório também fornece os perfis dos principais atuantes no mercado global de diagnósticos de transfusão de sangue. Estes incluem a Bio-Rad Laboratories, Inc., a Grifols SA, a Ortho Clinical Diagnostics, a Abbott, a F. Hoffman-La Roche Ltd., a Immucor, Inc., a Quotient Limited, a BAG Healthcare GmBH, a DiaSorin SpA e a Hologic, Inc.. A presença geográfica e as parcerias para o desenvolvimento de soluções inovadoras são as principais estratégias adotadas pelos principais fabricantes. Em junho de 2017, a Immucor, Inc. anunciou um acordo de automação de 10 anos com a CoLabs Laboratory Medicine Network para impulsionar inovações por meio de soluções de reagentes, automação escalável e gerenciamento de dados.

Diante de tantos investimentos, não é difícil entender a razão do interesse pela transfusão de sangue como uma "opção" terapêutica. Afinal, são as doenças e seus tratamentos que fomentam todo o mercado mundial, enriquecendo os laboratórios e, consequentemente, aquecendo a economia em escala global.

Fonte:


quarta-feira, 30 de maio de 2018

Programas de Gerenciamento do Sangue do Paciente – Realidade Internacional


Nove hospitais públicos portugueses vão iniciar um projeto-piloto para reduzir o número de transfusões de sangue, uma medida que se fosse aplicada em nível nacional diminuiria pela metade as transfusões.

Trata-se da implementação do Programa de Gerenciamento do Sangue do Paciente PBM – Patient Blood Management, técnica de conservação do sangue do paciente que já está sendo amplamente utilizada no cenário internacional.

O PBM já está implementado com uma elevada taxa de referenciação em Lisboa, já com casos bem-sucedidos e em relação aos quais, em condições normais, seria quase inevitável a utilização de sangue no processo intraoperatório.

O objetivo do programa é evitar a administração desnecessária de sangue e derivados, fazendo com que o sangue do paciente seja preservado como recurso único e insubstituível e utilizado de forma restritiva com o objetivo de fazer com que os hospitais criem estratégias para a otimização dos pacientes de risco no pós-operatório a fim de minimizar a utilização de sangue alogênico e reduzir procedimentos transfusionais.

A transfusão é uma terapêutica altamente utilizada, porém com elevados riscos associados.

A Accumen Inc., empresa americana parceira de desempenho em assistência à saúde, desenvolveu um programa abrangente de Gerenciamento do Sangue do Paciente para melhorar os resultados dos pacientes e agregar valor ao sistema de saúde incluindo 45 hospitais em 14 estados. Em apenas um ano, uma campanha intitulada Save Blood, Save Lives (Salve Sangue, Salve Vidas), resultou em uma redução de mais de onze mil unidades de glóbulos vermelhos reduzindo o risco associado às transfusões como as infecções hospitalares adquiridas, eventos trombóticos, reações transfusionais, mortalidade e morbidade.

A equipe da Accumen desenvolveu uma matriz de priorização baseada em evidências para escalar seu Programa de PBM, que incluiu desenvolvimento de infraestrutura, educação e conscientização clínica, diretrizes clínicas, análises de pedidos de sangue, processos de benchmarks e análises de transfusões significativas.

A diminuição das transfusões resultou, automaticamente, em ganhos para a saúde, pois, reduziu as infecções hospitalares, a duração das internações e a recidiva de neoplasias, sendo também financeiramente vantajosa.

O PBM não significa apenas não dar sangue ou apenas tratar a hemorragia, mas também prevenir, aumentar a tolerância do doente, utilizando produto mais adequado, como o ácido tranexânico, agente fibrinogênico, complexo protrombínico e outros, monitorando atentamente o doente, oferecendo uma terapêutica adequada e específica a cada doente no contexto específico de cada intervenção.
Para tanto, imprescindível é a existência de um local onde os doentes possam ser otimizados no pré-operatório, além da colaboração da equipe médica hospitalar através de um programa multidisciplinar, buscando otimizar o diagnóstico e o manejo da anemia, minimizando o sangramento.

O PBM é um programa que necessita de uma grande colaboração institucional envolvendo cirurgiões, imunohemoterapeutas e anestesiologistas, especialidades que precisam estar obrigatoriamente presentes formando uma equipe motivada para a utilização de técnicas de minimização de perda hemorrágica intraoperatória.

Entretanto, para que isso aconteça, seriam necessárias mais consultas além da utilização de fármacos alternativos como o ferro intravenoso, a vitamina B12, o ácido fólico e agentes capazes de controlar as alterações de coagulação.

Segundo António Robalo Nunes[i], a grande dificuldade “é combater o constrangimento, o atavismo, as barreiras, a resistência à novidade, e gerar o entusiasmo de todo o grupo, sendo que se trata de uma tarefa inevitavelmente multidisciplinar”.[ii]

A primeira parte do processo seria identificar no pré-operatório e em tempo útil os doentes com anemia, permitindo tratar a deficiência de ferro antes da cirurgia, avaliando as alterações da competência hemostática. A existência de anemia é o principal fator de probabilidade para uma transfusão de sangue. Essa identificação nem sempre é feito em tempo útil e a ideia do programa é tornar esta gestão de sangue do doente uma cultura institucional. A segunda parte, na fase intraoperatória, é a monitoração e a diminuição das perdas hemorrágicas. Finalmente, no pós-operatório, deve haver uma análise criteriosa dos cenários que poderão determinar a real necessidade transfusional.

A presidente da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia (SPA), Rosário Órfão[iii] diz que “a Anestesiologia é uma especialidade de resposta imediata, mas também de antecipação”, uma vez que os anestesiologistas acompanham o doente nos períodos pré, intra e pós-operatório, tendo um papel importante no contexto do programa.

A vontade de fazer o bem envolve o trabalho em equipe, o espírito de cooperação, o desenvolvimento de novas técnicas, o aprimoramento dos conhecimentos, a valorização do sangue como sendo único e a criação de protocolos com aspectos funcionais específicos para cada instituição de acordo com a sua dimensão e complexidade, sempre visando o bem estar do paciente.

Fonte:




[i] http://hotc.pt/medicos/antonio-robalo-nunes/
[ii] https://justnews.pt/noticias/patient-blood-management-agrega-cirurgies-anestesiologistas-e-imunohemoterapeutas/www.facebook.com/hospitalpublico/www.instagram.com/jornalmedico.csp#.Ww7PNEgvxdg
[iii] https://www.justnews.pt/noticias/anestesiologia-tem-papel-determinante-no-contexto-de-patient-blood-management#.Ww7TJkgvxdh

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