20 de agosto de 2018, Sociedade Americana de Anestesiologia.
Um programa de gerenciamento do sangue do
paciente criado para limitar a quantidade de transfusões de sangue em pacientes
ortopédicos que se submetem à cirurgias comuns, como a artroplastia de quadril
e joelho foi associado à diminuição do número de transfusões, à redução do uso de sangue e à melhora nos
resultados, relatou um estudo publicado na primeira edição online de
Anestesiologia, um periódico revisado em parceria com a Sociedade Americana de
Anestesiologia (ASA).
"Um número crescente de literaturas mostra que reduzir o uso de sangue em cirurgias reduz os riscos para os pacientes, além de reduzir também os custos", disse Steven M. Frank, M.D., principal criador e diretor do Programa de Gerenciamento do Sangue (PBM - Patient Blood Management) do Sistema de Saúde Johns Hopkins.
"Entretanto, há uma impressão persistente de que os pacientes cirúrgicos ortopédicos requerem um nível maior de hemoglobina para não transfundir do que em outros tipos de pacientes."
As diretrizes da AABB (antiga Associação Americana
de Bancos de Sangue) indicam para a maior parte dos pacientes que as
transfusões de sangue devem ser administradas quando os níveis de hemoglobina
atingirem 7 gramas por decilitro (g/dL) de sangue. Entretanto, para pacientes
cirúrgicos cardíacos ou ortopédicos, as diretrizes indicam a administração da
transfusão quando os níveis atingirem 8g/dL.
"Pode parecer uma pequena diferença, mas antes do nosso programa de gerenciamento do sangue ser implementado, um terço do sangue utilizado em nosso hospital era transfundido em níveis entre 7 e 8 g/dL, então muito sangue era administrado naquela zona intermediária", disse o Dr. Frank.
"Um número substancial de transfusões poderia ser potencialmente evitado diminuindo o limite para 7g/dL".
Possíveis riscos e resultados adversos
associados às transfusões de sangue incluem lesão pulmonar aguda; sobrecarga
circulatória associada à transfusão (TACO), que causa excesso de líquido nos pulmões;
reações transfusionais hemolíticas (ruptura de hemácias), que na maioria das
vezes ocorrem a partir de unidades de sangue erradas ou incompatíveis; e
transmissões infecciosas ou virais.
No estudo, os pesquisadores avaliaram a
prática transfusional e os resultados clínicos em todos os pacientes
ortopédicos adultos por um período de quatro anos, englobando o período em que
o hospital implementou o programa de gerenciamento do sangue. O estudo incluiu
1.507 pacientes antes do programa ser implementado e 2.402 após a
implementação.
O programa de gerenciamento do sangue
consistiu em 10 estratégias para reduzir as transfusões, incluindo a
administração de uma única unidade de sangue, a menos que o paciente estivesse
com hemorragia, a administração do ácido tranexâmico durante a cirurgia para
reduzir o sangramento, a manutenção da temperatura corporal normal durante a
cirurgia para reduzir o sangramento, a colocação de alertas nos registros
médicos eletrônicos, a fim de notificar os médicos quando a quantidade de sangue
requisitada para uma transfusão estivesse acima dos níveis recomendados, a
auditoria em conformidade com as diretrizes para prover o resultado, tubos
menores para reduzir a perda sanguínea nos testes laboratoriais, além da utilização
de novas técnicas cirúrgicas para reduzir o sangramento.
Depois que o programa de controle de sangue
foi implementado, a porcentagem de pacientes cirúrgicos ortopédicos que
receberam transfusões de sangue diminuiu de 16,1% para 9,4%. O limite médio de
hemoglobina utilizado para desencadear uma transfusão diminuiu de 7,8g/dL
para 6,8g/dL. O uso geral de sangue durante as transfusões diminuiu em
32,5%. As complicações adquiridas em hospitais caíram de 1,3% para 0,54%, e as
readmissões de 30 dias caíram de 9% para 5,8%. A melhora nos resultados foi
reconhecida principalmente em pacientes com 65 anos de idade ou mais.
"Descobrimos que em pacientes ortopédicos, mesmo com um gatilho menor de hemoglobina de 7g/dL para transfusões de sangue, os pacientes tiveram um desempenho tão bom quanto ou melhor do que com um nível mais alto de hemoglobina", disse o Dr. Frank.
"Este é o primeiro estudo realizado para mostrar que para a maioria dos pacientes ortopédicos - mesmo para pacientes idosos - um nível de hemoglobina de 7g/dL parece ser seguro".
O Dr. Frank disse que, embora o estudo
sugira que a maioria dos pacientes ortopédicos possa ser transfundida em um
nível de hemoglobina de 7g/dL em vez de 8g/dL, ainda não foram feitos testes
clínicos randomizados.
"Um teste que avalia formalmente esse menor fator de hemoglobina como gatilho para a transfusão ainda deve ser conduzido antes que as orientações sejam alteradas para se recomendar um nível de 7g/dL para todos os pacientes ortopédicos", disse ele.
"Além disso, tratamos todo o paciente, não apenas seus valores laboratoriais, então os sinais e os sintomas de anemia também devem ser considerados".
As transfusões de sangue foram estabelecidas
como o procedimento hospitalar mais frequentemente realizado nos Estados Unidos
e um dos cinco principais procedimentos utilizados em excesso pela Joint
Commission em 2012.
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Fonte:
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