O fuagrá ou, em francês, foie gras – termo que em francês
significa "fígado gordo" – é o fígado de ganso ou pato que foi
forçosamente alimentado à exaustão, o que levou à hipertrofia lipídica do
órgão.[1]
Considerado
uma iguaria (refeição saborosa e delicada), é um prato típico da França, um patê
gorduroso feito com o fígado dilatado de patos, gansos e marrecos e, para que o
órgão fique hiperdesenvolvido, as aves são submetidas a uma vida confinada e
uma alimentação forçada.
Em seus
últimos dias, a ave come até o fígado crescer 12 vezes
1. No geral, usam-se
patos da raça mulard (resultado do cruzamento entre o pato-de-pequim e o
marreco). Nos primeiros 100 dias, eles comem milho e são criados soltos.
Depois, é hora de ir para o confinamento,
que facilita a engorda.
2. Alguns criadores
mantêm iluminação artificial para que o bicho fique mais tempo acordado (e, portanto, comendo). São duas doses de ração
por dia, por um período de dez dias a quatro semanas. Muitas vezes, a gororoba
é injetada por um cano que vai direto ao esôfago, preso ao pescoço por um anel.
3. O fígado do
bicho ganha certo amargor ao tentar metabolizar os excessos da dieta.
Hiperestimulado, ele chega a crescer até 12 vezes seu tamanho normal – com a
gordura correspondendo a 65% de seu peso. No fim, o órgão de um pato pode
atingir 0,5 kg. O de um ganso, até 2 kg.
4. Com pouco mais
de quatro meses, o animal está pronto para o abate. O fígado se tornou uma
massa semissólida, macia e de cor pálida. Há quem prefira comê-lo
recém-retirado do animal. Ele também pode ser cortado em fatias ou cozido e
servido frio.
A ração é constituída por muito carboidrato,
vindo do amido de milho, além de gordura de porco e de ganso.[2]
O exemplo
acima é a evidência clara da desconsideração de uma lei improfícua.
A Declaração
Universal dos Direitos dos Animais[3], considera logo em seu preâmbulo
que: “todo animal possui direitos e que o desconhecimento e o desprezo desses direitos
têm levado e continuam a levar o homem a cometer crimes contra os animais e
contra a natureza”.
O Artigo
2º declara que: “Todo o animal tem o
direito a ser respeitado” e que “Todo o animal tem o direito à atenção, aos cuidados e à proteção do homem.“
O Artigo
3º declara que: “Nenhum animal será submetido nem a maus tratos nem a atos
cruéis”e que “Se for necessário matar um animal, ele deve
de ser morto instantaneamente, sem dor e
de modo a não provocar-lhe angústia.“
O Artigo
5º declara que: “Todo o animal
pertencente a uma espécie que viva tradicionalmente no meio ambiente do homem
tem o direito de viver e de crescer ao
ritmo e nas condições de vida e de liberdade que são próprias da sua espécie”
e que “Toda a modificação deste ritmo
ou destas condições que forem impostas pelo homem com fins mercantis é contrária a este direito. “
E,
finalmente o Artigo 9º declara que: “Quando
o animal é criado para alimentação, ele deve de ser alimentado, alojado,
transportado e morto sem que disso
resulte para ele nem ansiedade nem dor.”
Diante dos
fatos, cabe a cada um avaliar a
eficácia da Lei.
O
australiano, bioeticista e professor da Universidade de Princeton, Peter Singer,
desenvolveu o “princípio da igual consideração de interesses”, onde “cada ser afetado por uma ação, deve ser
levado em conta e receber o mesmo peso que os interesses semelhantes de
qualquer outro ser. A dor e o sofrimento são, em si mesmos, ruins e devem ser
evitados ou minimizados, não importa a raça, o sexo ou a espécie do ser que
sofre.”[4]
Peter
Singer levou em consideração o valor da vida, sem importar qual a espécie. Se
há vida, esta deve ser respeitada e valorizada como uma forma de integração
social. A Bioética
procura ressaltar a necessidade da integralização do ser vivo no ambiente
natural.
Não é possível desconsiderar outro ser vivo por meio de um interesse
mercantil e de paladar egoísta. Se por
um lado a Bioética ensina o respeito à liberdade individual, não há como
desconsiderar algo que é ilegal e contrário à ética. Se assim fosse, o pedófilo
seria também perdoado, pois trata-se de uma preferência sexual por crianças.
A Bioética
estuda e defende as dimensões morais e o respeito, porém o respeito ético, com
amparo legal, de acordo com as condições moralmente aceitáveis por toda a
sociedade. E esse amparo legal existe, embora tenha até então se mostrado
inútil.
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