segunda-feira, 14 de março de 2016

O Cilindro de Ciro e os Direitos Humanos


Em 539 a.C., os exércitos de Ciro, O Grande, o primeiro rei da antiga Pérsia, conquistaram a cidade da Babilónia. Ciro libertou os escravos, declarou que todas as pessoas tinham o direito de escolher a sua própria religião, e estabeleceu a igualdade racial. Estes e outros decretos foram registados num cilindro de argila na língua acádica e foi agora reconhecido como a primeira carta dos direitos humanos do mundo. Está traduzido nas seis línguas oficiais das Nações Unidas e as suas estipulações são análogas aos quatro primeiros artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Fonte: http://www.humanrights.com/pt/what-are-human-rights/brief-history/cyrus-cylinder.html

domingo, 13 de março de 2016

História da Transfusão de Sangue



Em 1628, o médico britânico William Harvey descobriu que as artérias pulsam no momento que o coração está contraído e que, se essa artéria for furada, o sangue jorra. Bloqueando as artérias em vários pontos, concluiu que elas não produzem a pulsação, que era inteiramente ligada ao coração, que algumas veias e artérias eram vias de um só sentido, pois eram providas de válvulas, que levavam o sangue ao coração. Traçou o mapa dos fluxos do sangue pelo coração e pelas artérias, até chegar às veias e voltar ao coração e concluiu que “o coração é uma bomba.” Suas descobertas revolucionaram a medicina. 

Seguido pelas descobertas de Harvey, em 1665, um outro médico britânico, Richard Lower, realizou as primeiras transfusões de sangue em animais. Lower foi o primeiro médico a realizar transfusões de sangue entre animais e também entre animais e seres humanos. Ele sempre será lembrado por seu pioneirismo nas transfusões de sangue.

Em 1667, o médico francês Jean-Baptiste Denis infundiu sangue de uma ovelha em um ser humano, porém, o procedimento foi mal sucedido.

As transfusões da época eram heterólogas, ou seja, com sangue de animais de espécies diferentes. A primeira transfusão com sangue humano é atribuída a James Blundell, em 1818, que, após realizar com sucesso experiências em animais, transfundiu sangue humano em mulheres com hemorragia pós-parto.

Mesmo sendo vista como um avanço, a transfusão homóloga (entre seres da mesma espécie) apresentava problemas relacionados à coagulação do sangue e demais reações adversas. Foram desenvolvidos equipamentos e técnicas cirúrgicas que permitissem a transfusão direta, com a utilização da artéria do doador e a veia do receptor, processo que passou a ser denominado “braço a braço”.

A terapia de transfusão de sangue começou a obter êxito após a descoberta dos grupos sanguíneos e da compatibilidade sanguínea.

No final do século XIX, o imunologista austríaco, Karl Landsteiner, constatou que o soro do sangue de uma pessoa muitas vezes coagula ao ser misturado com o de outra, o que culminaria numa das mais importantes descobertas, o sistema de grupo sanguíneo ABO.

Em 1901-1903, Landsteiner apontou que uma reação pode ocorrer quando o sangue de um indivíduo humano é transfundido com a de outro ser humano, e que esta pode ser a causa de choque, icterícia e hemoglobinúria.

Em 1909, Landsteiner classificou os sangues dos seres humanos para a A, B, AB e O e mostrou que as transfusões entre os indivíduos dos grupos A ou B não resultam na destruição de células do sangue novo, mas que ocorre apenas quando uma pessoa é transfundida com o sangue de alguém pertencente a um grupo diferente.

A descoberta dos anticoagulantes melhoraram a possibilidade de armazenamento do sangue. Em 1914, estudos mostraram que o citrato de sódio era um anticoagulante eficaz, e em 1916, Jay MacLean, um estudante de medicina, descobriu a heparina, que até hoje é o anticoagulante mais utilizado. A possibilidade de armazenamento de sangue por longo período sem coagular significava que o sangue poderia ser armazenado em depósitos de fácil acesso e, desta forma, as transfusões de pessoa a pessoa poderiam diminuir. Este armazenamento seria extremamente útil em época de guerra, quando as transfusões de pessoa para pessoa eram totalmente impraticáveis.

A primeira transfusão com sangue armazenado por 26 dias foi realizada em 1918, durante a Primeira Guerra Mundial, na batalha de Cambrai[1], e esse procedimento passou a ser amplamente difundido até os dias atuais.

O fator Rh foi descoberto somente em 1940[2], depois dos estudos de dois pesquisadores. Foi retirado o sangue de um macaco e injetado em cobaias. As pesquisas indicaram que, ao injetar o sangue do macaco, o organismo das cobaias reagia produzindo anticorpos, pois tratava-se de uma substância desconhecida pelo organismo. Os anticorpos produzidos foram denominados de anti-Rh, pois no sangue do macaco havia um antígeno denominado fator Rh. Cerca de 85% das pessoas possuem o fator Rh nas hemácias, sendo por isso chamados de Rh+ (Rh positivos). Os 15% restantes que não o possuem são chamados de Rh- (Rh negativos).

Com o aumento das transfusões de sangue, principalmente após a descoberta do Fator Rh e depois da Segunda Guerra Mundial, os Bancos de Sangue começaram a se preocupar com o número elevado de transmissão da hepatite. Em 1971, começaram a fazer testes comerciais para detectar o antígeno de superfície da Hepatite B. Uma década depois, em 1985,  cerca de dois anos após a descoberta da transmissão de HIV por transfusão, foi introduzido um teste para anticorpos anti-HIV. Em 1990, testes para hepatite C tornaram-se rotina e logo após, foi introduzido teste para o antígeno de HIV.

Desde aquela época tem havido um crescente reconhecimento da transmissibilidade de agentes infecciosos, tais como os príons[3]doença de Creutzfeldt Jakob (DCJ)[4], vírus da Febre do Nilo Ocidental[5]Trypanossoma Cruzi[6], dentre outras, sendo que foram implementadas abordagens e testes para proteger a segurança do fornecimento de sangue a partir de cada uma delas.

Porém, ao longo dos últimos 25 anos, complicações não infecciosas também se tornaram aparentes, tais como reações febris não hemolíticas (RFNH) e doença do enxerto contra hospedeiro (DECH)[7]. Ainda existem inúmeros riscos graves por agentes não infecciosos, incluindo a transfusão de hemácias ABO incompatíveissobrecarga circulatória associada à transfusão (TACO)[8]lesão pulmonar aguda associada à transfusão (TRALI)[9]dentre outros, conforme o quadro abaixo:


 Principais reações transfusionais[10].
Imune
Não-imune
Imediata
Reação febril não-hemolítica (RFNH)
Sobrecarga volêmica
Reação hemolítica aguda (rha)
Contaminação bacteriana
Reação alérgica (leve, moderada, grave)
Hipotensão por inibidor da ECA
TRALI (Transfusion Related Lung Injury)
Hemólise não-imune
Hipocalcemia
Embolia aérea
Hipotermia
Tardia
Aloimunização eritrocitária
Hemossiderose
Aloimunização HLA
Doenças infecciosas
Reação enxerto x hospedeiro
Púrpura pós-transfusional
Imunomodulação


Segundo o Centro Americano para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), o crescimento populacional, mudanças comportamentais, viagens, transporte de animais e alimentos por todo o mundo e o próprio avanço humano sobre habitats selvagens, têm contribuído para o aparecimento de novas doenças e o reaparecimento de moléstias infecciosas já conhecidas. Doenças infecciosas mutantes fazem com que seja impossível garantir a segurança das transfusões, que não são isentas de riscos, além do que, seus efeitos são irreversíveis.



[1] A Batalha de Cambrai ou, na sua forma portuguesa, de Cambraia (20 de Novembro – 7 de Dezembro de 1917) foi uma campanha britânica da Primeira Guerra Mundial. Cambrai, no Nord département (Nord-Pas-de-Calais), era um local de abastecimento essencial para a Siegfried Stellung (uma posição alemã parte da Linha Hindenburg), e a proximidade do cume de Bourlon seria uma excelente conquista a partir da qual os britânicos poderiam ameaçar a retaguarda da linha alemã a norte. A operação iria incluir uma acção experimental de artilharia. O Major-General Tudor, Comandante da Real Artilharia da 9.ª Divisão Escocesa, sugeriu a utilização de novas técnicas de artilharia e infantaria neste sector da frente. Durante os preparativos, J. F. C. Fuller, ofical do Royal Tank Corps (RTC), procurava um local para utilizar tanques como unidade de ataque. O General Julian Byng, comandante do 3.º Exército Britânico, decidiu incorporá-los no grupo de ataque. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Cambrai_(1917)
[2] Importante lembrar que as transfusões de sangue foram amplamente utilizadas por meio de sangue armazenado a partir da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), e o Fator Rh foi descoberto somente em 1940, portanto, muitas reações transfusionais ocorreram.
[3] Príons são moléculas proteicas que possuem propriedades infectantes. O nome príon vem do inglês proteinaceous infectious particles, que quer dizer partículas proteicas infecciosas. Tais partículas se distinguem de vírus e bactérias comuns por serem desprovidos de carga genética. Disponível em: http://www.infoescola.com/bioquimica/prions/
[4] A Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) é uma Encefalopatia Espongiforme Transmissível que acomete os humanos, sua incidência é estável e descrita com sendo de 1 a 2 casos novos a cada 1.000.000 de habitantes e é discretamente mais prevalente em mulheres. Tem caráter neurodegenerativo não existindo tratamento e sendo fatal em todos os casos. É causada por uma partícula proteinácea infectante denominada de “PRION’’. Assim como outras encefalopatias espongiformes transmissíveis, é caracterizada por uma alteração espongiforme visualizada ao exame microscópico do cérebro. Regularmente é diagnosticada no país, ocorrendo normalmente em pessoas com idade entre 60 e 80 anos, com uma idade média de morte de 67 anos. A partir dos primeiros sintomas da doença, o tempo de vida médio paciente é de um ano. O paciente típico com DCJ desenvolve uma demência progressiva rapidamente associada com sinais neurológicos multifocais, ataxia e mioclonias ficando muda e imóvel na fase terminal. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/doenca-de-creutzfeldt-jakob-dcj
[5] A Febre do Nilo Ocidental  é uma Infecção viral que pode transcorrer de forma subclínica ou com sintomatologia de distintos graus de gravidade, variando desde febre e mialgia até encefalite grave. As formas graves ocorrem com maior frequência em idosos. Disp. em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/febre-do-nilo-ocidental
[6] Trypanosoma cruzi é uma espécie de protozoário flagelado da família Trypanosomatidae. É o agente etiológico da doença de Chagas. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Trypanosoma_cruzi
[7] No caso do transplante alogênico, existe a possibilidade de as células do doador (o enxerto) reagirem contra o organismo do paciente (o hospedeiro), mesmo que o doador seja um irmão ou irmã. Esta reação é conhecida como doença enxerto-contra-hospedeiro, que pode se manifestar de forma aguda ou crônica. A forma aguda costuma acorrer nos primeiros sessenta dias e pode comprometer a pele, fígado ou trato gastrointestinal. A forma crônica pode surgir até um ano após o transplante e comprometer vários órgãos, como olhos ou pulmão. Disponível em: http://www.hucff.ufrj.br/hematologia/orientacao-ao-paciente-de-transplante-medula-ossea/145-especialidades/hematologia/orientacoes-ao-paciente-de-transplante-de-medula-ossea/243-o-que-e-doenca-do-enxerto-contra-hospedeiro-dech
[8] É um edema pulmonar cardiogénico associado à infusão de grandes volumes de sangue e componentes. Disponível em: http://medicinaemcasa.com/sobrecarga-circulatoria-associada-a-transfusao-taco/
[9] Lesão pulmonar aguda associada à transfusão (transfusion-related acute lung injury, TRALI) é uma complicação clínica grave relacionada à transfusão de hemocomponentes que contêm plasma. Recentemente, TRALI foi considerada a principal causa de morte associada à transfusão nos Estados Unidos e Reino Unido. É manifestada tipicamente por dispnéia, hipoxemia, hipotensão, febre e edema pulmonar não cardiogênico, que ocorre durante ou dentro de 6 h, após completada a transfusão. Embora o exato mecanismo não tenha sido totalmente elucidado, postula-se que TRALI esteja associada à infusão de anticorpos contra antígenos leucocitários (classes I ou II ou aloantígenos específicos de neutrófilos) e a mediadores biologicamente ativos presentes em componentes celulares estocados. A maioria dos doadores implicados em casos da TRALI são mulheres multíparas. TRALI, além de ser pouco diagnosticada, pode ainda ser confundida com outras situações de insuficiência respiratória aguda. Um melhor conhecimento sobre TRALI pode ser crucial na prevenção e tratamento desta severa complicação transfusional. Jornal Brasileiro de Pneumologia.
[10] MedicinaNET. Disponível em: http://www.medicinanet.com.br/conteudos/biblioteca/2226/reacoes_transfusionais_imediatas.htm


Referências Bibliográficas:

Biblioteca Médica Virtual. Boa Saúde. Especialistas Discutem Surgimento de Novas Doenças Infecciosas. 2015. Disponível em:  <http://www.boasaude.com.br/noticias/383/especialistas-discutem-surgimento-de-novas-doencas-infecciosas.html> Acesso em 13/03/2016.

Biografia de William Harvey. e-Biografias. 2015. Disponível em: <http://www.e-biografias.net/william_harvey/> Acesso em 13/03/2016.

Instituto HOC de Hemoterapia. Banco de Sangue do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. História da transfusão de sangue. 2015. Disponível em: <http://www.institutohoc.com.br/index.php/historia/historia-transfusao-sangue> Acesso em: 13/03/2016.

JEMMETT, Rebecca; PEACOCK, Pamela.  Museum of Health Care. Medical Contributions of The Great War: Blood Transfusion2012. Disponível em: <https://museumofhealthcare.wordpress.com/2012/11/10/medical-contributions-of-the-great-war-blood-transfusion/> Acesso em 13/03/2016.

"Karl Landsteiner - Biographical". Nobelprize.org. Nobel Media AB 2014. Web. 13 Mar 2016. <http://www.nobelprize.org/nobel_prizes/medicine/laureates/1930/landsteiner-bio.html> Acesso em: 13/03/2016.

MANDAL, Ananya. História da Transfusão de Sangue. 2016. Disponível em:
http://www.news-medical.net/health/History-of-Blood-Transfusion-(Portuguese).aspx Acesso em 13/03/2016.

MORAN, Erin. Richard Lower and the “Life Force” of the Body. Disponível em: <https://www1.umn.edu/ships/modules/biol/lower.pdf> Acesso em 13/03/2016.

Richard Lower. Encyclopaedia Britannica. 2016. Disponível em: <http://global.britannica.com/biography/Richard-Lower> Acesso em 13/03/2016.

SHAZ, Beth H.; HILLYER, Christopher D.; ROSHAL, Mikhail; ABRAMS, Charles S. Transfusion Medicine and Hemostasis: Clinical and Laboratory Aspects. Adverse Effects of Blood TransfusionPágina 5.2013. 


Biodireito

Biodireito estuda as relações jurídicas entre o Direito e os avanços tecnológicos conectados à Medicina e à Biotecnologia, com peculiaridades relacionadas ao corpo e à Dignidade da Pessoa Humana.

É a positivação jurídica de permissões de comportamentos médico-científicos, e de sanções pelo descumprimento destas normas. 

Visa estabelecer a obrigatoriedade de observância dos mandamentos bioéticos, e, ao mesmo tempo, é a discussão sobre a adequação da necessidade de ampliação ou restrição desta legislação.

Fonte: 
CHIARINI Júnior, Enéas Castilho. Âmbito Jurídico. Noções introdutórias sobre Biodireito. 2016. Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=4141

Wikipédia. Biodireito. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Biodireito

sexta-feira, 11 de março de 2016

O Ensino Médico no Brasil


A primeira escola de medicina do Brasil foi criada pelo Príncipe Regente D. João VI, em 18 de fevereiro de 1808 na cidade de Salvador, e foi chamada de Escola de Cirurgia da Bahia. 

Na fase colonial, de 1500 a 1808, a medicina era exercida por várias categorias de profissionais, como barbeiros, sangradores, boticários, anatômicos, ou, simplesmente entendidos. 

A prática médica vigente se orientava pela identificação dos sinais mais importantes e mais facilmente reconhecíveis. Verificavam-se as semelhanças e as diferenças com o estado de saúde, ao mesmo tempo em que se observava tudo que se podia ver, ouvir, tocar e sentir e ser reconhecido pelos conhecimentos da época.

Em 1813, a escola de cirurgia passou a ser chamada de Academia Médico-Cirúrgicas, que passaram a formar médicos cirurgiões e, depois da Independência, foram transformadas em Faculdades de Medicina, seguindo o modelo francês. 

A fase científica iniciou-se a partir de 1848, quando os cirurgiões foram equiparados aos médicos, sendo-lhes reconhecido o direito de exercer livremente qualquer ramo da ciência médica, resultando no desenvolvimento cultural, médico e científico. Com o auxílio dos franceses, deram início às cirurgias de maior complexidade.

Com a proclamação da República, novos centros de desenvolvimento científico e cultural começam a surgir. A Santa Casa da cidade de São Paulo foi o berço da cirurgia cardíaca brasileira. 

O aumento da demanda de assistência médica à população crescia concomitantemente ao aumento populacional, o que determinou a mudança do perfil do médico formado no fim do século XIX. Foram criados, por meio de Decreto, regulamentos para os exames das Faculdades de Medicina, estudos práticos nos laboratórios, e estatutos sobre a estruturação interna das instituições. 

A partir dos anos 1870/1880, já se percebe uma preocupação com um ensino mais prático da medicina, voltado para a experimentação em Laboratórios, para instrumentalizar o profissional de forma mais ampla e não estritamente teórico como era antes. 

A Constituição Federal de 1988, consolidou a interface saúde e educação, com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), originou portarias, decretos, resoluções, pareceres e leis, como por exemplo, a Lei 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) que, dentre outras coisas, criou o processo de avaliação das instituições de educação superior, assim como do rendimento escolar dos alunos do ensino básico e superior; a Lei 10.172/2001, Plano Nacional da Educação (PNE), que estabelece ênfase no Projeto Político Pedagógico da escola, visando a elevação global do nível de escolaridade da população, a melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis, a redução das desigualdades sociais e regionais e a democratização da gestão do ensino público; e as resoluções e pareceres com as diretrizes curriculares para o curso de medicina, aprovados pelo Conselho Nacional de Educação CNE). 

Entretanto, o ensino médico manteve o seu currículo, e, com o surgimento de novas epidemias, tornou-se evidente a inadequação dos cursos médicos tradicionais, focados prioritariamente nas doenças tradicionalmente tratadas nos hospitais universitários. 

Desta forma, percebe-se a necessidade de um ensino superior atento às transformações naturais do desenvolvimento humano, a fim de acompanhar a evolução tecnológica, desenvolvendo a pesquisa e a extensão, formando um profissional capaz de lidar com todos os níveis de complexidade da área da saúde, com capacidade técnica e responsabilidade social.

Referências Bibliográficas:

AMARAL, Jorge Luiz do. Duzentos Anos de Ensino Médico no Brasil. 2007. 207f. Orientadora: Célia Regina Pierantoni. Tese (doutorado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Medicina Social. Disponível em: <http://www.portalmedico.org.br/arquivos/duzentos_anos_de_ensino_medico_no_brasil.pdf

BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm

Colunista do Portal Educação. PNE - Plano Nacional de Educação (Aprovado pela Lei nº 10.172/2001). Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/32446/pne-plano-nacional-de-educacao-aprovado-pela-lei-n-10172-2001#ixzz42dEiLrP5

COSTA, Iseu Affonso da. História da Cirurgia Cardíaca Brasileira. Rev Bras Cir Cardiovasc vol. 13 n. 1 São Paulo Jan./Mar. 1998. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-76381998000100002&script=sci_arttext&tlng=pt


quinta-feira, 10 de março de 2016

Ética Médica


O Código de Ética Médica estabelece princípios da conduta humana e define diretrizes para o exercício da profissão médica. São definidas normas e regras de conduta, mostrando direitos e deveres  que os profissionais devem respeitar, uma vez que possuem a grande responsabilidade de lidar com a vida e a saúde dos pacientes, sendo que qualquer erro pode acarretar graves consequências para o profissional, para a comunidade médica, para os hospitais e para o próprio paciente e seus familiares.

Como princípio fundamental, o Código declara que a medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano, deverá ser exercida sem discriminação de qualquer natureza, e que o médico deve agir com o máximo zelo e o melhor de sua capacidade profissional, ou seja, o profissional deve zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da Medicina e aprimorar continuamente seus conhecimentos, usando o melhor do progresso científico em benefício do paciente. O conhecimento é fundamental na profissão médica, algo inesgotável, constante e perpétuo, tendo em vista os céleres avanços tecnológicos e evidências científicas quanto às novas opções terapêuticas, análises de diagnósticos e demais tratamentos.

Cabe ao médico, zelar pela dignidade e integridade do paciente de forma a sempre atuar com respeito absoluto pelo ser humano, e o médico, que também é ser humano, não deve ser obrigado a prestar serviços que contrariem sua própria consciência, afinal, cada um de nós possui valores éticos e morais que são garantias constitucionais.

O aprimoramento técnico-científico deve ser prioridade para o profissional da saúde, que deve utilizar-se de todos os meios cientificamente reconhecidos para o estabelecimento do diagnóstico e da execução do tratamento para o benefício, interesse e bem-estar do paciente. Desta forma, deve o médico indicar o procedimento adequado ao paciente, observadas as práticas cientificamente reconhecidas respeitando a legislação vigente, porém, deve respeitar e aceitar as escolhas de seus pacientes, desde que estejam devidamente esclarecidos, consentindo de forma expressa e cientes dos riscos e benefícios com relação às suas escolhas.

A escolha ou o consentimento do paciente para a realização de um procedimento terapêutico, entretanto, não isenta o médico de responsabilidade, que responderá por ação ou omissão no caso de dano ao paciente, caracterizando negligência, imperícia ou imprudência[1]. Trata-se de crime culposo tipificado pelo Código Penal no artigo 18, inciso II que assim declara: Diz-se o crime culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.[2]

Assim como qualquer profissional que deseja atingir a excelência, o médico, portanto, deve tornar-se perito na arte médica, sendo imprescindível o estudo e a atualização constante, de modo a estar ciente de todos os meios disponíveis e atuais de diagnósticos e tratamentos cientificamente reconhecidos, a fim de usá-los em favor do paciente. Alcançar o domínio técnico na área, além de dominar outras dimensões complementares da profissão, é algo totalmente possível e razoável de se obter, tendo em vista o grande número de materiais científicos à disposição.

Fonte:
CREMESP. Legislação. Código de Ética MédicaResolução CFM nº 2.023/2013. Disponível em: http://www.cremesp.org.br/library/modulos/publicacoes/pdf/CodigoEticaMedica2013.pdf



[1] Imprudência é ação sem cautela e zelo necessários. É imprudente aquele que sabe fazer algo, porém sem tomar o devido cuidado. Negligência é omissão, deixar de fazer algo que deveria ter feito. O agente deu causa ao resultado por não ter feito algo que deveria fazer. Imperícia significa não saber fazer algo. É imperito aquele que desempenha uma conduta sem ter o conhecimento necessário. 

[2] BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm





Breve História da Medicina


Do latim mederi, que significa “saber o melhor caminho” ou “tratar”, ou, a arte de “curar”. 

A palavra medicina é uma derivação do termo latino medicus – médico – que era conhecido como o responsável por tratar da saúde das pessoas.[1]

A Medicina representa ciência e arte, pois serve no âmbito do saber científico, para prevenir, atenuar ou banir sofrimentos, curar doenças e até evitar a morte.[2]

Teve início alguns milênios antes de Cristo, no Egito onde especialistas tratavam moléstias oculares, moléstias de vias respiratórias, etc.

Na China havia médico que coletava medicamentos e examinava outros médicos, médico que receitava dieta alimentar, médico para enfermidades como dores de cabeça, resfriados e feridas menores, médico de úlcera e médico de animais.

A medicina se constituiu em ciência na Grécia, com os primeiros relatos e experimentos de Hipócrates, há mais de 2.500 anos. Através da dissecação de animais, o grego Galeno construiu um modelo anatômico que foi empregado a partir de então para se estudar por comparação o organismo humano.

Desde Hipócrates, os médicos desempenhavam a arte médica, pois ainda não dispunham de conhecimentos científicos suficientes.

A medicina, se desenvolveu com a descoberta de outras ciências como a biologia, a física, a química, além da própria sociedade em si e todos os seus avanços tecnológicos, de forma que temos a ciência que conhecemos atualmente.

Fonte:
Dicionário Etimológico. Medicina. Disponível em: http://www.dicionarioetimologico.com.br/medicina/

FERREIRA, Fabrício Alves. Brasil Escola. A História da Medicina. Disponível em: http://brasilescola.uol.com.br/biologia/a-historia-medicina.htm

MARTIRE JÚNIOR, Lybio. Revista Ser Médico. Cremesp. História da Medicina. Disponível em: http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Revista&id=673



[1]  Dicionário Etimológico. Medicina. Disponível em: http://www.dicionarioetimologico.com.br/medicina/

[2]  MOURA, Viriato. Escolas Médicas do Brasil. Medicina: Ciência e Arte. 2015. Disponível em: http://www.escolasmedicas.com.br/art_det.php?cod=382

segunda-feira, 7 de março de 2016

A arte de ensinar


"Freire criticava a idéia de que ensinar é transmitir saber porque para ele a missão do professor era possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos. Mas ele não comungava da concepção de que o aluno precisa apenas de que lhe sejam facilitadas as condições para o auto-aprendizado. Freire previa para o professor um papel diretivo e informativo - portanto, ele não pode renunciar a exercer autoridade. Segundo o pensador pernambucano, o profissional de educação deve levar os alunos a conhecer conteúdos, mas não como verdade absoluta. Freire dizia que ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também não aprendem sozinhas. "Os homens se educam entre si mediados pelo mundo", escreveu. Isso implica um princípio fundamental para Freire: o de que o aluno, alfabetizado ou não, chega à escola levando uma cultura que não é melhor nem pior do que a do professor. Em sala de aula, os dois lados aprenderão juntos, um com o outro - e para isso é necessário que as relações sejam afetivas e democráticas, garantindo a todos a possibilidade de se expressar. "Uma das grandes inovações da pedagogia freireana é considerar que o sujeito da criação cultural não é individual, mas coletivo", diz José Eustáquio Romão, diretor do Instituto Paulo Freire, em São Paulo."

Fonte:

FERRARI, Márcio. Revista Nova Escola. Paulo Freire, o mentor da educação para a consciência. Aprendizado Conjunto. 2015. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/mentor-educacao-consciencia-423220.shtml?page=1

Direito de Escolha do Menor em Lisboa

Tribunal da Relação de Lisboa Íntegra da Reportagem Um jovem de 16 anos diagnosticado com leucemia aguda  recusa-se a receber qualquer trans...